A (minha) vida transformada em palavras

"Pensar é um ato, sentir é um fato" Clarice Lispector

21 abril 2012

Algo aleatório de alguma madrugada

Agora de madrugada eu estava no escritório daqui de casa agora porque não consegui dormir e fui ler uns papeis muito velhos de coisas de família e achei uma carta de um irmão da minha bisavó. Por isso, já que meu namorado está dormindo e eu não tenho com quem compartilhar essa pequena angustia que me assolou, vim tirar um pouco a poeira do blog e escrever um pouquinho e fazer um apanhado geral de sei lá o que.
Eu era a mais próxima, da minha pequeníssima família, da minha bisavó, Fermina (ou Iáiá como todo mundo chamava ela) e, por mais que eu fosse muito sem paciência a infância inteira, eu passara muitas tardes conversando com ela (mais ouvindo do que realmente conversando). Ela se foi em 2006, quando eu tinha onze aninhos, mas fico feliz por ter passado tanto tempo com ela. Bom, a carta era de um irmão dela, o Nhonhô, que era esquizofrênico. Eles moravam em uma fazendo no Parana (a partir de agora eu não sei de muitos detalhes e provavelmente vou acabar falando besteira, mas sei lá, foi o que se pode chegar até mim até então) e quando ele tinha crises com a doença era internado em alguma espécie de manicômio em São Paulo (capital ou interior próximo, não sei ao certo). A viagem era bem longa nesse tempo, lá pelo comecinho do século XX e então o transporte tanto para ir como para voltar dessa clínica deveria demandar muita mão de obra e outra irmã, a Inhãnhã também sofria de esquizofrenia (eu nunca soube quais era ou reais nomes deles, todo esse "tronco" da família tem apelidos).
A carta que eu achei era justamente em uma das vezes que ele, o irmão, ficou internado. Ele primeiro perguntava como estava a saúde de todo mundo e logo depois pedia, Pelo Amor de Deus, que alguém fosse buscá-lo porque já estava lúcido haviam três meses e ninguém havia de ir buscá-lo e sequer mandado notícia. Que sensação horrível, que dias, semanas, meses horríveis que ele e tantas pessoas daquela época deviam sentir em lugares como esses! E ao abandono, as vezes não proposital, da família! Esses "manicômios" eram lugares enlouquecedores de verdade (aí eu lembro de Bicho de Sete Cabeças e pioro muito pela época) e ele, que estava lúcido há TRÊS MESES ficava por lá. E quantas vezes isso não se repetia? Eu tinha que compartilhar isso de alguma maneira. Eu já tinha ouvido falar na história e tudo mais, mas ler a carta de punho mesmo, com o papel todo frágil, faz muita diferença.
Bom, eu vou procurar saber mais sobre isso e venho falar aqui depois, acho eu.
Obs: o Bom ou Nem Tanto está em um hiatos em aberto, não sei se voltando ou quando.
Obs²: meu jeito de escrever está muito bizarro. E redação? é, me fez escrever decertativamente no meu blog pessoal

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